Uma edificação deve atender a diversas normas de segurança para situações de emergência, principalmente em caso de incêndio. Definir as rotas de fuga, sinalização e equipamentos para extinção do foco do incêndio são essenciais para garantir a segurança das pessoas nestes momentos. Além disso, as escadas de segurança devem ter uma ventilação para que a fumaça não permaneça no local, evitando com que ela seja inalada pelas pessoas durante a saída da edificação e não prejudique a sua visibilidade no momento de fuga. Em determinados casos é necessário com que estas escadas sejam pressurizadas. Mas o que é escada de emergência pressurizada, como funciona, quais são seus componentes e quando deve ser utilizada?
Diferentemente da escada à prova de fumaça, que utiliza de ventilação natural para a extração de fumaça, a escada pressurizada é o tipo de escada de segurança que funciona através de um sistema de insuflamento mecânico de ar no ambiente. Este ar insuflado provoca um diferencial de pressão entre a escada e as demais áreas, evitando assim a entrada de fumaça no local. Motoventiladores centrífugos são os responsáveis pelo insuflamento do ar, por isso, devem estar posicionados em uma sala própria.
O Motoventilador, também chamado de insuflador, é a máquina responsável por insuflar o ar para a escada de segurança e deve ser do tipo centrífugo. Neste tipo de ventilador o ar entra no centro do rotor em movimento na entrada, sendo acelerado pelas pás e impulsionado da periferia do rotor para fora da abertura de descarga. Ou seja, no ventilador centrífugo a rotação do rotor faz com que o ar escoe através dele numa direção radial, consequentemente gerando pressão enquanto isto ocorre. Para a escada pressurizada, o motoventilador é dimensionado para funcionar a uma vazão de ar que forneça uma pressão de 50Pa para o corpo da escada.
Os motores podem ser do tipo Sirocco (pás voltadas para frente) ou Limit Load (pás voltadas para trás). O rotor tipo Sirocco possui um custo menor em relação ao Limit Load, porém o rotor Limit Load apresenta maior eficiência e autolimitação de potência sendo recomendado para um funcionamento contínuo.
O duto de captação é responsável por captar o ar do ambiente externo. Este ar deve chegar até a sala de pressurização e é ele que é insuflado para o corpo da escada. Esse duto pode ser de alvenaria ou metálico e deve garantir que a vazão de ar seja suficiente para a câmara de pressurização.
O duto de insuflamento é o duto que liga o motoventilador até o duto vertical presente no corpo da escada. Pode ser metálico ou de alvenaria rebocado internamente, para diminuir a perda de carga devido a rugosidade do duto. Deve ser garantido o isolamento do duto para evitar vazamentos de ar que prejudicam na eficiência do sistema de pressurização. Além disso, evitar que gases contaminados entrem para o sistema prejudicando na qualidade do ar.
O ar pressurizado pelo motoventilador é conduzido até o corpo da escada através de um duto vertical, podendo ser de alvenaria ou metálico. A diferença entre eles é que o duto metálico diminui o atrito do ar, o que possibilita diminuir as dimensões do próprio duto. Em alguns casos, o ganho de área nos pavimentos atendidos compensa o custo mais elevado do alumínio.
As grelhas de insuflamento são responsáveis por distribuir e direcionar o ar insuflado presente no duto vertical no corpo da escada. Devem ser reguláveis para garantir o balanceamento da distribuição de ar no ambiente. As grelhas devem ser distribuídas no corpo da escada em intervalos regulares e devem ser obrigatoriamente previstas uma grelha próxima ao piso de descarga e uma próxima ao último pavimento a ser pressurizado.
Os dampers de sobrepressão são dimensionados para evitar o excesso de pressão do ambiente. Para o sistema de escada pressurizada a pressão no corpo da escada não deve exceder os 60Pa. O excesso de pressão compromete no acesso a escada de emergência, pois dificulta a abertura das portas corta-fogo. Quando ocorre essa sobrepressão, os dampers se abrem, provocando um alívio da pressão excedente e garantindo a pressão correta no ambiente.
O filtro de ar deve ser instalado na captação do ar do ambiente externo, antes de chegar à sala de pressurização. Ele deve ser pelo menos de classe G1 (ABNT NBR 16101 – 2012), com retenção média de partículas de 50 a 65%. Além disso, é importante para garantir que o ar insuflado no corpo da escada seja o mais limpo possível, evitando que contaminantes sejam insuflados na escada de emergência.
A veneziana de captação tem como objetivo captar o ar do ambiente externo para a sala de pressurização. Deve ser instalada em locais que captem o ar mais limpo possível, evitando lugares próximos a exaustores de cozinhas, por exemplo, assim não comprometendo na qualidade do ar a ser aproveitado pelo sistema.
A sala de insuflamento é onde ficará posicionado o motoventilador e deve ser resistente ao fogo por 3 horas e possuir porta corta-fogo P-90 com fechamento hermético (que impeça a passagem de ar). Esta câmara de pressurização normalmente é prevista nos andares mais baixos da edificação, pois deve receber ar externo, seja através de uma tomada de ar ou de um duto de captação. O ar captado necessitará ser filtrado por um filtro classe G1, para o insuflador poder utilizar o ar mais limpo possível. A sala ainda deve contar com quadro de energia e botão para desligamento manual do sistema. Além disso o ambiente deverá possuir detectores de fumaça, pois o sistema deverá ser desligado ao ser detectado fumaça no ambiente, para evitar com que essa fumaça contaminada seja insuflada para a área da escada.
Na maioria das situações, uma sala com dimensões 4m x 4m deve ser o suficiente para acomodar todos os equipamentos sendo geralmente instalados dois motoventiladores, quadro de energia, botão de desligamento do sistema e dois detectores de fumaça, além de espaço disponível para manutenção. Pode ocorrer variação conforme a altura da edificação, pois a altura do edifício pode ocasionar em diferentes tamanhos de insufladores. Além disso, é recomendável que a câmara de pressurização tenha fácil captação de ar externo e gere fácil caminho até o duto vertical, diminuindo as perdas de carga do ar insuflado. A tabela abaixo mostra as dimensões dos motoventiladores de duas diferentes marcas de acordo com sua potência, sendo considero, insuflador do tipo Limit Load com pés e quadro reguláveis. Como o quadro dos insufladores é regulável, foi considerada as maiores dimensões em cada eixo. Como o quadro dos insufladores é regulável, foi considerada as maiores dimensões em cada eixo.
Quando detectado situação de emergência em um dos pavimentos, o sistema de pressurização deve ser acionado através de um sistema automatizado de detecção de fumaça, caso o sistema não seja acionado automaticamente, um botão de acionamento manual presente junto a central de alarme, deverá ser o responsável pelo acionamento do sistema. Assim, o motoventilador é acionado para funcionar em situação de emergência, insuflando o ar captado do ambiente externo e presente na sala de pressurização, sendo ele distribuído para o corpo da escada pelas grelhas de insuflamento instaladas no duto vertical, garantindo a pressurização no corpo da escada. Lembrando que o damper deve estar funcionando para evitar a sobrepressão do sistema de pressurização.
O sistema de pressurização pode operar em dois estágios diferentes. No sistema de estágio único, o motoventilador é acionado apenas em situação de emergência. Já no sistema de dois estágios o sistema tem um funcionamento contínuo com nível baixo de pressurização de 15Pa e em situação de emergência o nível de pressurização aumenta para os 50Pa. Este sistema é recomendável e muitas vezes exigido pelos Corpos de Bombeiros, pois mantém condições mínimas de proteção em operação permanente, além de propiciar a renovação de ar no volume da escada.
Esquema geral do sistema de pressurização. FONTE: CBM-SP
O sistema de pressurização deve estar sempre em funcionamento em situação de emergência, para garantir que a fumaça não entre no corpo da escada. Quando fornecimento de energia elétrica da rede pública é comprometido, um gerador deve garantir o funcionamento do sistema por pelo menos 4 horas. A partida do gerador é controlada por um quadro de transferência automática: quando existe uma falha no fornecimento de energia, um relé auxiliar é acionado, ativando a partida do grupo gerador. Este quadro comanda todo o “chaveamento” do sistema, ligando o sistema de pressurização. Quando houver uma falha no fornecimento de energia, o quadro desativa a ligação com a companhia para que o gerador não energize a mesma e possa ocasionar um acidente. Quando a fonte de energia elétrica externa é restaurada, o painel ainda aguarda um tempo pré-programado de restabelecimento da tensão para desligar automaticamente o gerador.
Qual a norma é utilizada para escadas pressurizadas?
Aqui no Brasil a norma que as escadas pressurizadas devem atender é a NBR 14880:2014 – Saídas de emergência em edifícios — Escada de segurança — Controle de fumaça por pressurização, além das Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros referente a escada pressurizada do estado onde a edificação está presente.
O sistema de pressurização é obrigatório a partir de alturas definidas pelas Instruções Normativas dos Corpos de Bombeiros de cada estado, sendo a altura definida como entre o ponto que caracteriza a saída ao nível de descarga até o ponto mais alto do piso do último pavimento, não considerando pavimentos superiores destinados exclusivamente a casas de máquinas, caixas d’água e outros.
A tabela a seguir mostra as Normas Técnicas referentes a Escada Pressurizada dos Corpos de Bombeiros de alguns estados do Brasil. O estado do acre não possui uma norma técnica, mas possui uma lei relacionada a segurança contra incêndio. O estado do Maranhão possui um código de segurança contra incêndio.
O sistema de pressurização de escadas é muito importante para garantir a segurança das pessoas durante fuga em situações de emergência e por isso o dimensionamento deve ser realizado por profissional qualificado, para garantir o correto funcionamento do sistema.
Um projeto completo é necessário para garantir as necessidades exigidas pelo corpo de bombeiro. Além disso, um projeto em BIM garante uma compatibilização com o projeto preventivo da edificação, proporcionando um projeto integrado e assertivo.
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