O projeto para segurança contra incêndio nos estádios começa com a disposição física e com o método de construção do estádio — e não com o sistema instalado, que é apenas a segunda linha de defesa. Para os requisitos específicos relacionados à construção, códigos e regulamentos são importantes. Verificar com os bombeiros locais e autoridades de segurança os preceitos iniciais que devem ser adotados desde o início da proposta é uma postura a ser adotada pelos projetistas. Pode-se dizer, à parte dessas informações, que o método de confinamento do fogo em compartimentos isolados é uma questão chave quando o projeto do estádio estiver sendo desenvolvido.
Os métodos adequados dessa compartimentalização podem variar dependendo da localização, do tamanho e do layout do estádio, mas é uma prática aceita sem restrição. Separar espaços de alto risco, como por exemplo as concessões que têm cozinha, de outras áreas com portas corta-fogo permite que as áreas de circulação e escadas não necessitem de um grande número dessas portas, dificultando o movimento dos espectadores e complicando o risco de fuga.
Dispositivos de detecção de incêndio, alarmes e serviços de combate ao fogo são necessários em zonas de alto risco, tais como as áreas de refrigeração e, no caso dos estádios totalmente fechados, possivelmente por todo o edifício. As áreas técnicas, depósitos, museus, lojas, subsolos, shafts, dutos, espaços confinados e outras áreas similares devem ser protegidas por detecção automática de incêndio.
Os sistemas de detecção automática de incêndio são fundamentais nos estádios e arenas onde acontecem exposições comerciais, shows e outros eventos que se utilizam material facilmente combustível. O sistema de detecção e alarme deverá ser interligado com outros meios de combate a incêndios, que incluem sistemas automáticos de extinção de incêndios, sprinklers, reservatórios de água e rede hidráulica de proteção com pontos de conexão, hidrantes, mangueiras e extintores.
O sistema deve ser setorizado e monitorado pela central de segurança. Nos acessos de público para assistir aos espetáculos desportivos, extintores devem ser instalados em armários, em locais restritos à brigada de incêndio e ao pessoal de segurança. As áreas de acomodação do público nas arquibancadas, cadeiras, sociais e outras estão isentas da necessidade de instalação de extintores.
A análise de todo o estádio, de suas funções e padrões de uso, de seus meios de escape e de seus materiais de construção deve ser realizada e discutida com as autoridades responsáveis e com consultores especializados, como parte do processo — e suas determinações incorporadas ao projeto.
Zonas de Seguranças
Tendo determinado a orientação do estádio, a prioridade a seguir é planejar sua locação no terreno disponível, tratando de ajustar o relacionamento entre suas partes principais. Este ajuste de todos os elementos de um estádio, desde o campo de jogo situado no centro até os estacionamentos e acessos localizados nos espaços externos, é função da necessidade de se estabelecer uma zona de segurança. Para isto será preciso identificar as 4 zonas diferentes, porém ligadas entre si, que fazem parte do plano de segurança do conjunto, auxiliando a definição das circulações. O tamanho e a localização destas zonas são determinantes do funcionamento do estádio numa situação de emergência.
Assim sendo, temos:
Zona 1: (Zona de Segurança Temporária) é a área de atividade, ou seja, a área central e/ou o campo onde os jogos acontecem. Zona 2: (Zona dos Espectadores) São as arquibancadas dos espectadores e as circulações de público em torno da área de atividade. Obs.: Esta Zona 2, em alguns casos, pode ser subdividida em duas: a Zona das Arquibancadas e a Zona das Circulações Internas e das Áreas de Receptivos. Se assim for, o total de Zonas a serem consideradas passa a ser de cinco, sem que isto altere suas funções principais. Zona 3: (Zona de Segurança Temporária) é a área de circulação em volta da estrutura do estádio que o separa das cercas ou muros de seu perímetro. Zona 4: (Zona de Segurança Final) é a área aberta fora dos limites do fechamento do perímetro do estádio e que o separam dos estacionamentos ou vias públicas.
A razão para que se obedeça a este zoneamento é permitir que, em caso de uma emergência, os espectadores possam escapar dos seus lugares através de uma série de zonas de segurança intermediárias até alcançar uma zona de segurança permanente, na parte externa do estádio. Isto permite o estabelecimento de um claro modelo-padrão auxiliar para o projeto tanto de um estádio novo como para a reforma ou reorganização de um estádio existente. Inúmeros exemplos de acidentes ocorridos em estádios esportivos e a dinâmica dos fatos acontecidos mostram que algumas medidas precisam ser consideradas pelos administradores e projetistas:
– Os administradores/responsáveis devem assegurar que os portões de escape dos espectadores dos seus assentos para os locais seguros devem ser operados durante todo o tempo em que estiver em uso o estádio. E serem facilmente abertos para permitir a fuga dos espectadores em caso de emergência. – Os projetistas devem levar em conta que as ações dos administradores/responsáveis, em casos como os observados acima, e prever a possibilidade de uma falha deste tipo.
Sempre que possível, portanto, deverá ser estabelecida uma Zona 3 (de Segurança Temporária) dentro do perímetro para onde os espectadores podem escapar e onde eles estarão seguros, ainda que os portões que levam ao exterior do conjunto estejam parciais ou totalmente bloqueados. A seguir serão relacionados mais detalhes de projeto que devem ser observados, começando pela Zona 4: (uma área de Segurança Final/Definitiva) até a Zona 1: (um local de Segurança Temporária)
Escolha de Materiais nos Estádios
Os estádios têm sido construídos com todo tipo de material. O custo é o fator principal a ser avaliado, porque a estrutura representa um percentual de aproximadamente 35% do custo total do empreendimento — proporção maior nos estádios do que em outros tipos de edificações. A comparação do custo entre todos os materiais que podem ser utilizados na estrutura, com uma atenção particular para a escolha do tipo de cobertura, é de vital importância.
Outras características de desempenho, tais como durabilidade e resistência ao fogo, devem ser analisadas com muita atenção e só então ser comparadas com alguns outros atributos menos quantificáveis, porém igualmente importantes, como sustentabilidade, graça e beleza. Com relação às fundações dos estádios, deve- -se observar que esses equipamentos são, muitas vezes, instalados em terrenos que não serviriam para outro tipo de uso, como depósitos de matérias indesejadas, antigas áreas de mineração, áreas pantanosas, pátios ferroviários e outros.
Parte dos custos da construção, nesses casos, pode se destinar para a compactação do solo, descontaminação da área, retirada de lixo ou demolição de fundações ou de redes subterrâneas de infraestruturas pré- -existentes. Dessa forma, está baixa capacidade do solo muitas vezes traz o risco de resultar em fundações custosas, além de exigir estudos geotécnicos mais bem elaborados.
O concreto armado compete com o aço como o material mais comuns em uso nas estruturas dos estádios. Ele tem a vantagem de ser naturalmente à prova de fogo e mais barato que o aço em muitos países. O concreto pode ser aplicado in situ ou utilizado em estruturas ou peças pré-moldadas, sendo ambos, muitas vezes, utilizados simultaneamente. Porém, apresenta a desvantagem de que seu aspecto não é considerado agradável, em especial quando entregue sem acabamento ou revestimento, por passar uma impressão de pressa e de ausência de cuidado com a qualidade da obra.
Quando o concreto é pré-fabricado (assim como o aço), ele traz vantagens sobre o concreto moldado no local, pois seus elementos podem ser produzidos fora do canteiro e ainda antes da preparação do terreno, adiantando o avanço das obras. O concreto pré-fabricado é largamente utilizado para formar as arquibancadas por meio de unidades que se encaixam formando degraus e que são, muitas vezes, pré-tensionadas para que possam ser mais leves e delgadas.
Ainda assim, é um material que tende a se desgastar com o tempo, piorando o seu aspecto final. No caso de sua indicação preferencial, grandes cuidados devem ser adotados para evitar manchas em sua superfície. Com o aumento do uso de elementos pré-fabricados, os quais podem ser manufaturados com um melhor controle de qualidade do que o concreto vertido in situ, obtém-se acabamentos de alta qualidade.
A pintura no concreto é um recurso que pode também ser aplicado, e alguns estádios têm se utilizado dessa alternativa. Finalmente, as superfícies de concreto que se encontram expostas ao contato do público devem ser revestidas com cerâmica, chapas metálicas ou outros acabamentos resistentes e de bom aspecto. Isso ajudará a conservação do estádio em geral, embora se deva admitir maior custo de implantação. O aço, em alguns lugares do mundo, é mais barato do que o concreto, e isso permite a pré-fabricação fora do canteiro de obras, por razões já relacionadas anteriormente.
Ele é de fato mais leve que o concreto, tanto física como esteticamente, e isso promove vantagens funcionais, como fundações mais baratas em solos ruins e a possibilidade de graciosas e esbeltas estruturas. O aço parece ser uma escolha óbvia para coberturas, pois sua utilização permite cobrir mesmo arquibancadas que já estejam em uso há anos. As posturas de prevenção a incêndios vão provavelmente exigir que as peças metálicas estejam recobertas por substâncias retardantes de fogo, com prejuízo do aspecto dos perfis utilizados. Isso pode ocasionar a perda das vantagens que o aço tem sobre o concreto.
Cerca/Alambrado
Uma cerca ou gradil robusto entre a área dos espectadores e o campo atende à proteção dos jogadores, auxiliares e juízes dos torcedores hostis e resguarda a superfície gramada do campo de compactação e danos provocados pela invasão de grande número de torcedores. No entanto, muitos desses gradis representam uma obstrução à própria visão do jogo. Outra desvantagem que têm é em relação à própria segurança, por paradoxal que pareça. Em caso de um pânico nas arquibancadas ou de fuga de uma situação de incêndio, o campo pode ser uma zona segura e uma cerca ou alambrado que impeça que essa rota de escape pode resultar em uma armadilha mortal.
Em cada caso, os prós e os contras de um alambrado devem ser claramente pesados e discutidos com os organizadores, as autoridades públicas, a polícia local e as equipes de segurança, cujas opiniões devem esclarecer as dúvidas existentes. Entre os fatores que devem ser observados está a história de comportamento do público na cidade e/ou na região do estádio. Se houver registros prévios de situações de violência, a necessidade de uma cerca ou alambrado é indicada nos estádios de futebol.
Também se recomenda o uso desses recursos nos jogos de alto nível internacional, mesmo que não apresentem diretamente uma ameaça à segurança no estádio. Uma cerca alambrado do perímetro do campo deve ter uma altura máxima de 2,20 metros, segundo o Guide to Safety at Sports Ground, uma referência permanente no assunto. Essa é a altura mínima indicada pela FIFA e UEFA para estádios de futebol.
Escape para PNEs
As orientações relacionadas à saída de emergência nos estádios para PNEs reconhecem os problemas e a importância de que essa ação não cause desordem entre os torcedores que estejam saindo com facilidade. Elas sugerem que seja dada particular atenção às vias de evacuação disponíveis a partir de áreas destinadas para que os torcedores PNE assistam aos jogos.
Os princípios de evacuação são baseados no movimento inicial para um local seguro, dentro de uma rota protegida e, depois, a saída desse lugar com segurança. Os refúgios disponíveis devem estar em áreas fechadas, tendo elementos de construção que resistam a, pelo menos, meia hora de fogo. Como complemento de um plano cuidadoso dessa rota de fuga, devem haver procedimentos muito bem ensaiados para os casos de emergência e para uma saída segura para eles.
Caso ocorra uma situação de emergência, os PNEs irão precisar de maior atenção do que as pessoas em geral e isto deve ser levado em conta para que se dê toda ênfase ao treinamento de pessoal e à manutenção dos meios de combate ao fogo, hidrantes, mangueiras e extintores de incêndio em bom estado. Existe uma preocupação real sobre o escape para PNE’s dos andares superiores numa situação de emergência, particularmente para os cadeirantes. A realidade da situação é que os administradores e projetistas do estádio devem assegurar que, durante um escape de emergência, os outros não sejam colocados em alto risco pelas cadeiras de rodas abandonadas.
Em acréscimo aos critérios de projeto relacionados, há outros fatores que necessitam ser considerados, como a boa comunicação entre segurança e serviço de emergência e a administração do clube ou estádio, e entre todos os serviços com a sala de controle do estádio. Os sistemas de aviso ao público precisam ser eficientes para lidar com a multidão numa emergência e devem ser bem definidos os procedimentos para esse caso.
Luminárias
Para dimensionar o espaçamento correto das luminárias ao longo dos percursos utilizados no estádio, deve-se atender às recomendações das normas que regulam a matéria. Para a iluminação em locais críticos, as luminárias devem estar situadas a cerca de dois metros de todas as saídas e em todos os pontos onde é necessário mostrar a localização de perigos potenciais e os equipamentos de segurança. Esses locais incluem as escadas, de modo a iluminar os espelhos dos degraus, os patamares e cada mudança de nível, além das frentes das portas de saída e de cada porta de escape de incêndio.
E, ainda, em cada sinal de segurança exigido para uma saída segura do estádio e perto de cada ponto de alarme ou de equipamento de combate a incêndio. Por vezes, pode ser difícil alcançar o nível de iluminação recomendado de 1 lux nos grandes espaços encontrados nas estruturas do estádio. Luminárias de parede ajudam a superar esse problema. Sinais e painéis iluminados podem também contribuir para isso.
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